quarta-feira, 16 de março de 2016

SOBE NÚMERO DE FAMÍLIAS ASSOLADAS PELAS CALAMIDADES NATURAIS NA PROVÍNCIA DE MAPUTO


 



SOBE NÚMERO DE FAMÍLIAS ASSOLADAS PELAS CALAMIDADES NATURAIS NA PROVÍNCIA DE MAPUTO
O número de vítimas da seca e estiagem na província de Maputo tem vindo a aumentar, são contabilizadas, actualmente, cerca de 5.300 famílias afectadas, o correspondente a cerca de 26.500 pessoas em situação de vulnerabilidade e carentes de ajuda urgente.

A estatística actual indica ainda que de todas as regiões afectadas, o destaque vai para os distritos de Magude, com um total de 6.017 pessoas carenciadas, seguido por Manhiça, com 6 mil,  Namaacha, 5158, Matutuine 4.200, Moamba 3.625 e Boane com mais de 1500 pessoas.

Esta informação foi disponibilizada hoje, durante uma visita efectuada pela primeira-dama da república de Moçambique, Isaura Nyusi, ao distrito de Boane, com vista a oferecer um donativo de cerca de 30 toneladas de alimentos e produtos diversos às comunidades daquela parcela do país e se inteirar dos estragos causados por este fenómeno calamitoso, que foi agravado pelo vendaval ocorrido há 20 de Fevereiro passado.

O vendaval de que se fala, de acordo com o governo local destruiu, matou e desalojou diversas famílias de Boane de um modo só visto há cerca de 20 anos.         

‘’Como resultado deste vendaval, o distrito de Boane registou 7 óbitos, 18 feridos graves e 60 ligeiros, perfazendo um total de 87 danos humanos. Ficaram destruídas totalmente 795 casas e outras 828 ficaram parcialmente destruídas, afectando 821 pessoas e criando vulnerabilidade em 424 famílias’’, disse Claudina Mazalo, secretária permanente da província de Maputo. 

Mazalo acrescentou ainda que ao nível do distrito de Boane cinco bairros foram tidos como os mais críticos, nomeadamente, Mahanhane, Saldanha, 25 de Junho, Mahubo-10 e Marien N’guabi.

‘’Estes cinco foram os que mais sofreram ao nível do município mas devemos recordar que os distritos de Namaacha, particularmente nos povoados de Goba, Michangule, Mahelane e Matutuine também foram bastante assolados’’, acrescentou a secretária.

Os estragos em Boane, ainda de acordo com Mazalo, foram além dos danos humanos, pois, ‘’até o momento foram perdidos 55.207 hectares de terra com culturas diversas, destacando-se o milho, amendoim, feijões e cerca de duas mil cabeças de gado bovino, mortos em quase todos os pontos da província com excepção da cidade da Matola’’.

Contudo, algumas medidas estão sendo implementadas em coordenação com o Instituto Nacional de Gestão de Calamidades (INGC) como forma de minimizar os efeitos calamitosos, entre elas, a distribuição de água nas zonas mais críticas através de camiões cisternas e angariação de donativos por entidades públicas e privadas, com destaque para o gabinete da primeira-dama.  

Aliás, este donativo oferecido por Nyusi, de acordo com o delegado do INGC na província de Maputo, Rocha Novunga, a proposta inicial é de reverter 75 por cento dos produtos a favor das comunidades de Boane e o remanescente para outros pontos da província.

‘’A proposta é canalizar 75 por cento dos produtos para aqui em Boane, a minha proposta é nesse sentido pois penso que há uma necessidade de se fazer distribuições significativas às familias, oferecer produtos que eles possam usar por um tempo’’, explicou o delegado.

Novunga aproveitou ainda para frisar que o INGC não está parado, tem estado a disponibilizar, na medida do possível, as comunidades a ajuda necessária para que estas normalizem suas vidas.

‘’Foram feitas intervenções iniciais em três bairros considerados críticos, efectuamos a distribuição de tendas às pessoas que perderam as suas casas em consequência do vendaval, continuamos neste processo a envidar esforços para que a vida das populações se estabilize’’, sublinhou o delegado.

Nesta senda, a esposa do presidente preferiu, mais do que dados, observar alguns casos de pessoas  afectadas pelo vendaval e pela seca, tendo por isso visitado três bairros daquele distrito, nomeadamente, 25 de Junho, Lumbelo e Marien N’guabi. 

No local, Nyusi observou in loco a crítica situação das vítimas, com destaque para os idosos que, tendo perdido tudo, não tem mais forças para a reposição dos danos causados. 

Um dos exemplos a citar é Luís Isac Novunga que, com 94 anos de idade, padece de cegueira e o único filho que com ele mora é mudo, o que impossibilita quase que totalmente a comunicação entre ambos. Este idoso, que já se ressentia pela seca e estiagem chegou ao cúmulo da desgraça quando perdeu a sua humilde residência em consequência do vendaval. Mergulhado no desespero, viu na visita da primeira-dama uma luz no fundo do túnel, eis que desatou a rogar ajuda.

‘’Senhora primeira-dama, mãe do povo, agradecemos a sua visita, uma visita que nos enche de conforto, perdi a minha casa e neste momento estou a viver de arranjos, agradeço o donativo que nos está a oferecer. Queria pedir ainda que me ajude com a casa, a minha humilde casa’’, suplicou Novunga.

Em resposta, Isaura Nyusi, pediu, não só a Novunga, mas a todas as vítimas das intempéries, muita coragem e crença de que tudo vai melhorar, ‘’hoje estamos a trazer um pequeno apoio, não basta, mas acreditamos que poderá ajudar a minimizar algumas necessidades’’.

Para Nyusi, há necessidade de ‘’convergir todas as acções de combate a fome e a pobreza, que vão desde a produção agrícola, com destaque para culturas tolerantes, criação de animais de pequena espécie, aquacultura, processamento e comercialização de produtos agrícolas, acesso a rede de equipamentos sociais e segurança para as zonas rurais’’.

Neste momento toda a região sul do país está a mercê de uma seca severa, os campos estão secos, em consequência do fenómeno El Ninõ, desde a primeira época agrícola de 2015 a chuva tem sido uma raridade, os regadios, como é o caso do Limpopo, na província de Gaza, estão a abastecer com apenas 25 por cento da sua capacidade normal, pois estão praticamente secos.

O curioso é que, enquanto na região sul as famílias clamam pela chuva, na região norte as cheias estão a criar pânico e a deixar milhares de pessoas em situação de insegurança alimentar. Dados oficiais indicam a morte de pelo menos 17 pessoas e mais de 3.500 casas destruídas. 

Espera-se que, ao nível da região norte, este seja o ultimo mês a apresentar esta drástica situação de queda pluviométrica anormal, que chega atingir 75 milímetros em apenas 24 horas.

Jeremias Chemane (JC)

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