quinta-feira, 3 de março de 2016

MAIS DE 300 INDIVÍDUOS DETIDOS EM CONEXÃO COM CAÇA FURTIVA EM 2015



MAIS DE 300 INDIVÍDUOS DETIDOS EM CONEXÃO COM CAÇA FURTIVA EM 2015

O Ministro moçambicano da Terra Ambiente e Desenvolvimento Rural (MITADER), Celso Correia, anunciou hoje, em Maputo, que, durante o ano passado, foram detidos mais de 300 cidadãos nacionais, mandantes e subordinados, conectados à caça furtiva, um mal que tem dizimado milhares de animais bravios, com destaque para os elefantes e rinocerontes. 

A declaração surge no âmbito da comemoração do dia internacional da fauna bravia, que hoje se assinala, numa altura em que, só na família dos elefantes, mais de 50 por cento desta população animal foi extinta nos últimos 20 anos em operações furtivas, restando actualmente apenas cerca de 10 mil destes paquidermes em todo o território moçambicano.  

‘’Os esforços para reverter o cenário da caça furtiva tem sido assinalável, só em 2015, foram detidos também 20 traficantes de cornos e pontas de elefantes. Neste momento o governo está a trabalhar para criar mecanismo com vista ao agravamento das penas aos caçadores furtivos que são na verdade agressores ambientais’’, acrescentou Correia.

Segundo Correia, ainda no ano passado, foram contabilizados 300 elefantes recém-nascidos no território nacional, contra 380 abatidos no mesmo período, o que significa que, graças aos furtivos, mais elefantes morrem do que nascem em Moçambique. 

‘’Em 2014 perdemos mais de 500 elefantes e só nasceram cerca de 250, o que significa que o gráfico de recuperação da população dos elefantes é positivo e o objectivo é continuar a proteger estes animais, como forma de ajudar a sua multiplicação’’, adicionou Correia.  

O Ministro indicou ainda que quanto aos rinocerontes não se pode avançar muito, pois estes animais, nas suas duas espécies (Brancos e pretos), estão praticamente extintos no país, embora haja tentativas de recuperar a sua existência através de alguns focos, principalmente no parque nacional do Limpopo, onde alguns desses paquidermes emigram da vizinha Africa do Sul para o lado de Moçambique.    

Por ultimo o ministro indicou ainda as Reservas de Tete e Niassa, como sendo as mais vulneráveis, quando o assunto é caça furtiva, pois, ainda registam-se grandes fragilidades no que tange à fiscalização e o conflito Homem-fauna bravia é ainda crítico.  

Ainda sobre os elefantes, o biólogo Carlos Bento, que falava numa entrevista, mostrou a sua descrença em relação aos dados apresentados por Correira, afirmando que a população de elefantes em Moçambique não passa de cinco mil e o fenómeno da caça furtiva está ainda longe do desejado.

‘’Há cinco anos tínhamos cerca de 20 mil elefantes e agora temos quase cinco mil e se calhar, hoje estamos a quatro mil e poucos, porque os furtivos estão com gana de enriquecimento fácil, prejudicando assim toda uma economia’’, disse o biólogo.

Bento acrescenta ainda que em Moçambique, dados estatísticos indicam que por dia são abatidos em média oito elefantes, o que é torna o cenário ainda mais alarmante aos olhos dos defensores do ambiente e da sociedade no geral.

Para o biólogo, não se pode apenas falar de elefantes e rinocerontes, pois, desta forma se está a negligenciar os outros animais que fazem também parte da fauna selvagem, e são também alvo de perseguição dos furtivos.  

‘’Há um outro grupo que é pouco falado, mas que também é vulnerável, é o grupo dos carnívoros, pouco falado porque em Moçambique estão em pouco número. São animais que também são perseguidos pelos furtivos por terem materiais considerados valiosos, tal como é o caso da pele que os furtivos conseguem colocar no mercado ilegal para o comércio’’, disse o Biólogo.

O director geral da Administração Nacional das Áreas de Conservação (ANAC) é também da opinião que o abate de animais pelos caçadores furtivos, com destaque para os elefantes e rinocerontes, é ainda bastante forte, a accão dos caçadores tem estado a retroceder os esforços levados a cabo pelo governo e parceiros para a erradicação deste mal.

‘’No nosso país a incursão dos furtivos é muito forte, temos estado a envidar esforços com outros  governos, com destaque para o sul-africano, porque este crime é de caracter transfronteiriço. Do lado do governo temos notado um interesse em ajudar, e como prova criou-se a polícia de fiscalização, que tem sido útil no processo de fiscalização das áreas de conservação, estamos satisfeitos em notar que há evolução no combate’’, explicou o director.              

Contudo, Moçambique é ainda considerado um dos países com boa visibilidade em termos de áreas de conservação, pois, cerca de 25 por cento do seu território é reservado às áreas de proteção da vida selvagem, ou seja, à fauna bravia.

As cerimónias de comemoração do dia internacional da caça furtiva contaram com a presença do ministro da educação e desenvolvimento humano, Jorge Ferrão, membros do MITADER, polícia de fiscalização e ANAC.

Jeremias Chemane (JC)          

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