Opinião
Trinta e nove anos
passaram-se desde que, a 25 Junho de 1975, Samora Machel, primeiro presidente
de Moçambique independente, proclamou a independência nacional. Fomos, durante
anos, alvos da brutalidade imperialista. Moçambique era apenas mais uma
província ultra-marina portuguesa. Ao lado dos povos asiáticos e
americanos assistimos, de espíritos impávidos e serenos, à expansão europeia do
século XV, vendo nossas fronteiras invadidas pelo ocidente no âmbito da
penetração mercantil europeia.
Hoje, mais que nunca,
Moçambique desponta no horizonte da história, exigindo um lugar e um estatuto
soberano no palco do mundo. A esperança, antecedida por um conflito militar que
durou que durou 16 anos, paira no espírito da jovem nação.
Se, por um lado, os
recursos, recém-descobertos, são a nossa riqueza incalculável, por outro, nossa
incapacidade de manuseá-los em benefício dos moçambicanos é nossa ignorância
incomensurável.
A todo gás, as
companhias extractivas multinacionais (Anadarko, a Vale, a Rio Tinto, a EN1),
num autêntico paraíso fiscal, exploram e escoam, através da linha de Sena,
nossos recursos, com os velhos argumentos da criação de novos postos de
trabalho e da implementação de infra-estruturas em benefício da
comunidade.
A falta de
mão-de-obra qualificada, a má qualidade da educação técnica e profissional e a
proliferação de companhias estrangeiras no território moçambicano, além de
vários outros problemas sociais, tornam cada vez mais utópico o sonho de um
país realmente independente e desenvolvido. Moçambique, nos nossos dias, vive o
entre sim e o não, na ideia da esperança de um futuro contingente.
Nossa identidade
cultural, escamoteada por uma suposta “globalização”, perde-se com tempo.
Assistimos a era do abandono dos nossos valores e das nossas normas. Nossa
etnicidade, realidade antropológica que pertence as nossas comunidades, é
gradualmente substituída por uma ignorância cultural.
Nossa variedade
linguística, do Rovuma ao Maputo e do Zumbo ao Índico, perde seu estatuto de
originalidade, legitimando, portanto, um surto ideológico tribalista e
regionalista.
Ontem, quando
escravos, alguém nos libertou. Hoje, supostamente livres, alguém nos acorrenta.
Hoje, mais que nunca, nosso futuro – como moçambicanos - é incerto e
pertencente ao ocidente.
Somos, na nossa
época, confrontados com um tipo de realidade; um mundo vivo, dinâmico e
moderno, onde reina quem pode e obedece que deve. No meio de tantas
turbulências, uma pergunta imbuída de conforto surge: onde estará a solução dos
nosso problemas?
Nossos Problemas; nossa solução
Há quem, do auge de
um cepticismo exacerbado, não vê esperança num futuro próximo, outros, do alto
do seu optimismo, acreditam na mudança e num novo amanhã.
Quem fala de
esperança, explicitamente, invoca a expectativa. A expectativa, a probabilidade
de realização em tempo enunciado, torna-se um fundamento, um sentido para
existência do povo moçambicano. Entretanto, o desenvolvimento de Moçambique só
é possível por quanto que seja desencadeado um projecto contínuo de educação
centrado na juventude.
Uma educação, no seu
todo, centrada na juventude significaria, em última instância, um projecto que
investe no futuro apostando no presente.
A juventude,
portanto, é a condição seno Qua. none
para o tão desejado “ futura promissor”. Como diria Severino Ngoenha, a solução
para os nossos problemas estaria na reflexão sobre a questão; que tipo de
educação? Para que Moçambique?
Investir no estatuto
epistemológico da juventude seria pensar num futuro diferente para o
nação.
O gás, estimado em
180 triliões de pés cúbicos, o carvão, escoado em cerca de 6 milhões de
toneladas por ano, só em Moatize, são nossos recursos, apenas por quanto que
consigamos explora-los em nosso benefício.
Essa deve ser a
missão da nossa juventude do Rovuma ao Maputo; apostar na educação com claro e
único objectivo: converter os recursos minerais moçambicanos em benefícios para
o povo.
Eis, portanto, o
desafio que proponho; uma reflexão sobre o nosso estatuto técnico e
epistemológico, enquanto jovens moçambicanos; a esperança de uma nação.
Por:
Estêvão Azarias Chavisso
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