sexta-feira, 12 de setembro de 2014

Desafio de uma Juventude: o Futuro de uma Nação





Opinião


Trinta e nove anos passaram-se desde que, a 25 Junho de 1975, Samora Machel, primeiro presidente de Moçambique independente, proclamou a independência nacional. Fomos, durante anos, alvos da brutalidade imperialista. Moçambique era apenas mais uma província ultra-marina portuguesa. Ao lado dos povos asiáticos e americanos assistimos, de espíritos impávidos e serenos, à expansão europeia do século XV, vendo nossas fronteiras invadidas pelo ocidente no âmbito da penetração mercantil europeia.

Hoje, mais que nunca, Moçambique desponta no horizonte da história, exigindo um lugar e um estatuto soberano no palco do mundo. A esperança, antecedida por um conflito militar que durou que durou 16 anos, paira no espírito da jovem nação. 

Se, por um lado, os recursos, recém-descobertos, são a nossa riqueza incalculável, por outro, nossa incapacidade de manuseá-los em benefício dos moçambicanos é nossa ignorância incomensurável.

A todo gás, as companhias extractivas multinacionais (Anadarko, a Vale, a Rio Tinto, a EN1), num autêntico paraíso fiscal, exploram e escoam, através da linha de Sena, nossos recursos, com os velhos argumentos da criação de novos postos de trabalho e da implementação de infra-estruturas em benefício da comunidade.          
A falta de mão-de-obra qualificada, a má qualidade da educação técnica e profissional e a proliferação de companhias estrangeiras no território moçambicano, além de vários outros problemas sociais, tornam cada vez mais utópico o sonho de um país realmente independente e desenvolvido. Moçambique, nos nossos dias, vive o entre sim e o não, na ideia da esperança de um futuro contingente. 

Nossa identidade cultural, escamoteada por uma suposta “globalização”, perde-se com tempo. Assistimos a era do abandono dos nossos valores e das nossas normas. Nossa etnicidade, realidade antropológica que pertence as nossas comunidades, é gradualmente substituída por uma ignorância cultural. 

Nossa variedade linguística, do Rovuma ao Maputo e do Zumbo ao Índico, perde seu estatuto de originalidade, legitimando, portanto, um surto ideológico tribalista e regionalista. 

Ontem, quando escravos, alguém nos libertou. Hoje, supostamente livres, alguém nos acorrenta. Hoje, mais que nunca, nosso futuro – como moçambicanos - é incerto e pertencente ao ocidente. 

Somos, na nossa época, confrontados com um tipo de realidade; um mundo vivo, dinâmico e moderno, onde reina quem pode e obedece que deve. No meio de tantas turbulências, uma pergunta imbuída de conforto surge: onde estará a solução dos nosso problemas?


 Nossos Problemas; nossa solução
Há quem, do auge de um cepticismo exacerbado, não vê esperança num futuro próximo, outros, do alto do seu optimismo, acreditam na mudança e num novo amanhã. 

Quem fala de esperança, explicitamente, invoca a expectativa. A expectativa, a probabilidade de realização em tempo enunciado, torna-se um fundamento, um sentido para existência do povo moçambicano. Entretanto, o desenvolvimento de Moçambique só é possível por quanto que seja desencadeado um projecto contínuo de educação centrado na juventude. 

Uma educação, no seu todo, centrada na juventude significaria, em última instância, um projecto que investe no futuro apostando no presente. 

A juventude, portanto, é a condição seno Qua. none para o tão desejado “ futura promissor”. Como diria Severino Ngoenha, a solução para os nossos problemas estaria na reflexão sobre a questão; que tipo de educação? Para que Moçambique? 

Investir no estatuto epistemológico da juventude seria pensar num futuro diferente para o nação.  
O gás, estimado em 180 triliões de pés cúbicos, o carvão, escoado em cerca de 6 milhões de toneladas por ano, só em Moatize, são nossos recursos, apenas por quanto que consigamos explora-los em nosso benefício. 

Essa deve ser a missão da nossa juventude do Rovuma ao Maputo; apostar na educação com claro e único objectivo: converter os recursos minerais moçambicanos em benefícios para o povo.

Eis, portanto, o desafio que proponho; uma reflexão sobre o nosso estatuto técnico e epistemológico, enquanto jovens moçambicanos; a esperança de uma nação.

                                                                                          Por: Estêvão Azarias Chavisso

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