A Ilha
Era uma vez uma pequena ilha rodeada pelos mares do
Índico, a ilha era tão pequena que de tão que era teve o espaço roubado no mapa
do mundo.
Os residentes da ilha, a classe pobre pertencia a
dinastia dos ratos que viviam se escondendo nos buracos com medo da morte, a
outra classe rica pertencia a dinastia dos gatos que devoravam a dinastia dos
ratos para garantir a sua sobrevivência. Nesta sociedade todos os poderes eram
exercidos pela dinastia dos gatos, eles é que controlavam a produção em todas
as empresas produtivas da ilha. Os ratos serviam os interesses dos gatos, e
estes do trabalho árduo que faziam, no fim do mês só ganhavam misérias, um
salário que mal dava para comprar um Kilozito de açúcar para abastecer a
dispensa da casa que a muito já andava vazia.
Na ilha da Moçalândia todos os direitos pertenciam a
dinastia dos gatos, eles tinham plenos poderes, o poder judicial, executivo e
legislativo era coercivamente pau mandado por eles. Os ratos estavam sujeitos a
obedecer tudo que os gatos falavam, e caso houvesse revolta, os ratos eram
isolados numa cela e esquecidos para sempre.
A dinastia dos gatos gozando da boa vida, de grandes
prazeres carnais. Como se isso já não bastasse um dia veio a tona o destino dos
impostos que os ratos eram obrigados a pagar, os gatos encomendaram da ilha
longínqua de Navaralândia, tantas e quantas carroças de marca Navara puxadas
por um animal de tracção mecânica diesel e gasolina. Segundo o presidente da
ilha e chefe da dinastia dos gatos, as carroças eram para enriquecer as
garagens da sua classe, embora ele não tenha assumido de tal maneira
publicamente. Durante meses a compra das carroças era motivo de debate nas
ruas, nos cafés, e nos bares da Moçalândia, os ratos estavam completamente
revoltados, eles não entendiam a razão dos gastos soberbos por parte dos seus
dirigentes, uma vez que o problema de transporte mais se reflorescia nas
estradas da Moçalândia, as carroças que transportavam os cidadãos ratos eram
poucos, os tipos existentes eram carroças tipo TEN’S que só tinham quinze
lugares, as carroças de Tipo machimbombo era poucos e não conseguiam suprir a
demanda dos passageiros, que pela hora da manhã se atrelavam nas paragens em
busca do fatídico transporte.
Depois desse episódio a vida foi seguindo tranquila nas
terras da Moçalândia, embora insatisfeitos os ratos acabaram se conformando com
a realidade submetida pela dinastia dos gatos. Mas a pacatez e o silêncio da
ilha teve os dias descontados quando numa pequena tarde, os ratos que eram
funcionários dos hospitais geridos pelos gatos, entraram em greve, reclamando
aumento salarial. Nos primeiros dias da grave os gatos ficaram atónitos,
pensavam que fosse brincadeira a revolta dos ratos vestidos de branco, mas
quando perceberam que tudo fosse uma realidade, reuniram-se em concelhos, em
reuniões para resolver a inquietação dos ratos, que passados muitos dias o
consenso veio de sei lá onde, a verdade é que a greve parou mas é de fonte
irrevelável as reais garantias que foram dadas aos grevistas.
A dinastia dos gatos já se sentia sufocada pela dinastia
dos ratos, embora o sufoco se visse notável os gatos, patrocinados pelas ilhas
vizinhas, importaram do exterior algumas canoas para incrementar a produção
pesqueira da ilha, mas aos olhos dos ratos o negócio parece ter sido feito na
obscuridade, vozes em contra posição não faltaram para desmotivar a atitude dos
senhores gatos. Mas como sempre nada foi feito, os ratos reclamaram,
reclamaram, e o tempo foi passando e eles reclamando, mas nada fazendo, apenas
se contentando com algumas grevizinhas localizadas em alguns sectores do
aparelho do Estado.
A vida em Moçalândia seguia tranquilamente, com a
dinastia dos gatos ainda cometendo infracções de abuso do poder. Mas essa
tranquilidade teve pouca duração, e dessa vez os problemas tinham origem
interna da dinastia gato, a insatisfação de um partido político trouxe um
ambiente de tensão a Moçalândia, o jogo de interesses se acentuava. O partido
que decidiu se rebelar era de Lampião Verne Da Costa, um político da dinastia
gato que se considerava um democrata, mas que ao mesmo tempo matava os civis da
dinastia rato, afirmando sempre que era em nome do povo que tal sangue
derramava.
Verne exigia da dinastia Gato Maior, a despartidarização
dos órgãos de Estado, e tantas outras exigências. Para mostrar a sua vontade de
luta deslocou-se a uma cidade distante fora da ilha, treinando os seus homens
para a suposta guerra, caso a dinastia Rato Maior não atendesse as suas
exigências. Infelizmente a guerra aconteceu, e dela morreram muitos homens da
dinastia rato, só depois de muitas mortes é que dinastia Gato Maior presidida
pelo Empresário José Peixoto de Aragão se prontificou a atender as exigências
de Verne. As negociações eram realizadas todas as segundas-feiras na sombra do
canhueiro, o canhueiro era uma árvore espirituosa na ilha da Moçalândia, todos
os problemas eram resolvidos a sua beira, as negociações tiveram mais ou menos
setenta sentadas para se chegar a um consenso firme e exacto, a dinastia Rato
Maior cedeu a todas as exigências de Verne, para a alegria da dinastia Rato,
que viu o acordo a ser assinado por Verne, chefe da dinastia Gato Menor, e Peixoto
de Aragão chefe da dinastia Gato Maior.
Tantos outros acontecimentos aconteceram nessa ilha, mas
que não me importei de referencia-los nessa pequena estória.
Esse texto é uma completa produção imaginária, qualquer
relação com a realidade, é uma irónica coincidência, ou simplesmente um
rasteira cabal do destino.
Autor: Xisto Conge
Sem comentários:
Enviar um comentário