Porta-voz de Dhlakama quer tornar-se activista para direitos prisionais
(Jornal
‘O País’) – Com a mesma contundência de sempre, António Muchanga disse não
estar arrependido das suas declarações e que pensa eleger-se deputado para
reformar a actuação na B.O
Depois
de passar 42 dias na Cadeia de Máxima Segurança da Machava, na província do
Maputo, vulgo B.O, Muchanga saiu determinado em tornar-se um activista dos
direitos dos detidos, mais concretamente pela melhoria das condições
prisionais.
“Espero
ser eleito deputado para, em colaboração com os meus colegas, rever o
regulamento da B.O, porque é desumano”, disse Muchanga, na primeira conferência
de imprensa após a soltura.
Muchanga
falou das experiências que passou durante a sua detenção, desde a esquadra do
porto do Maputo, onde passou os primeiros dois dias, até à B.O, para onde vão
as maiores críticas e que vão merecer a sua acção parlamentar. “Suportei as
consequências de uma prisão. Fiquei 30 dias fechado, com direito a banho solar
uma hora por dia, alegadamente porque o regulamento na B.O é esse”, disse,
explicando, contudo, que teve dias melhores que os passados na esquadra. “Na
esquadra, tive o tratamento de qualquer réu. Fiquei proibido de ver telejornal,
notícias, jornais e tudo. Mas quando passei para a cadeia, a situação mudou”,
realçou.
Muchanga
diz ter constatado, naquela cadeia, que ainda há pessoas que estão lá sem
necessidade e manifestou-se preocupado com o tratamento que o Estado dá às
pessoas que ficam detidas sem culpa formada. “Eu estive lá, o meu processo foi
extinto. Já imaginou ficar trancado 30 dias para depois dizerem que não teve
culpa, e depois o Estado não paga nada por isso”, continuou.
“Percebi
que na B.O há muita gente que não devia estar, cruzei lá com burladores de
cheques; pessoas que caçam animais vão para lá. Que perigo essa pessoa
representa?”, questionou.
Recorde-se
que António Muchanga foi detido no dia 7 de Junho, quando saía de mais uma
sessão ordinária do Conselho de Estado. Contrariamente ao que foi dado a
conhecer oficialmente, Muchanga diz que a sua detenção não ocorreu na zona do
cinema Xenon, mas sim na Presidência da República.
(J.Int/O
País)
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