sexta-feira, 22 de agosto de 2014

Argumentativo


A Poligamia 

O tema proposto é detentor de uma complexidade imensurável, visto que há uma dualidade nas respostas em relação ao sim ou ao não a poligamia. Observando o contexto social moçambicano, de ponto de vista cultural e tradicional, tornar-se sensível apresentar um posicionamento nítido em relação ao assunto. No entanto, apesar da complexidade do assunto, é, deveras, importante uma reflexão sobre a poligamia.
A poligamia, segundo a Enciclopédia Encarta, é uma acção matrimonial na qual é permitida a pluralidade de esposos ou esposas. A classificação é feita a partir da género, sendo  a poliandria entendida como a união em que uma só mulher é ligada a dois ou mais maridos ao mesmo tempo, ao posso que a poligenia é a acção em que um homem possui laços matrimoniais com duas ou mais esposas.

Ao longo da história, a poligamia foi um fenómeno corrente. Segundo estudos antropológicos e geográficos, as principais guerras mundiais que afectaram a humanidade causaram uma diferença numérica entre homens e mulheres ao longo de várias regiões do  globo terrestre. Este fenómeno, propiciou casos de poligamia. Na actualidade, mesmo em Estados em que a poligamia é legalizada (como as países islâmicos e alguns africanos), a prática está em eminente desuso, devido à  pressão de várias organizações internacionais.

No nosso país, o debate sobre a poligamia tem vinda a ganhar mais espaço nos últimos tempos. Na  nossa tradição, principalmente na zona sul de Moçambique, a poligamia sempre foi vista como uma acção que faz parte da nossa cultura. Em regiões mais recônditas do território moçambicano, onde a influência de culturas estrangeiras ainda não se fez sentir, são mais frequentes casos de poligenia, um homem com várias mulheres. Este aspecto, faz com que o debate sobre equidade de género seja mais assente, principalmente em organizações que defendem a igualdade entre o homem e a mulher.    

No contexto da cultura moçambicana, a mulher é educada para ser submissa ao homem, daí que ela actua passivamente em todas as decisões por ele tomadas.

O homem, de acordo com os nossos valores culturais, assume o “poder”, a hegemonia no seio familiar e da comunidade. Desde os tempos dos primeiros reinos africanos, o homem, pelo poderio que lhe é culturalmente conferido, “usa” da mulher como sua propriedade.
O homem, nalgumas aldeias moçambicanas, chegou a possuir mais de vinte mulheres, protegido pelas normas culturais das sociedades polígamas. Sochangane (1824-1895), o primeiro rei de Gaza,  reza a história, chegou a ter mais de 600 mulheres subdivididas nas diferentes localidades do seu império.

Nos novos tempos, a poligamia tem vindo a ser questionada por uma nova realidade, a proliferação de doenças sexualmente transmissíveis. Com efeito, o discurso sobre a necessidade de se adoptar a monogamia é largamente defendido actualmente.  

O HVI/Sida, que já dizimou vidas em todo mundo, por exemplo, surge como um factor para desincentivar a poligamia, na medida que o mesmo aumenta os índices de infecção. 

Nos dias de hoje, a poligamia é legalmente proibida, o que contribui directo ou indirectamente para o para salvaguardar a auto-estima da mulher. Hoje, nas sociedades moçambicanas metropolitanas, a mulher assume o papel de “líder” das próprias escolhas. Nas zonas do interior, este fenómeno ainda não se faz sentir. Nos nossos dias, gradualmente, a poligamia vai perdendo campo e a mulher começa a exigir sua posição digna e única no meio da comunidade.  

Autora: Princesa Halima Plácido Monjane /EHC

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