segunda-feira, 30 de novembro de 2015

SITUAÇÃO CAMBIAL OBRIGA LIMITE DE TRANSAÇÕES NO EXTERIOR



SITUAÇÃO CAMBIAL OBRIGA LIMITE DE TRANSAÇÕES NO EXTERIOR    

Maputo, 01 de Dez (AIM) – O Banco de Moçambique (BM) anunciou esta segunda-feira, em Maputo, que pretende estabelecer limites de utilização dos cartões de débito e de crédito no exterior, como forma de conter a pressão cambial exercida sobre o mercado cambial com a desvalorização da moeda nacional, o metical.    

De acordo com o Governador do Banco Central, Ernesto Gove, estas medidas de contenção cambial são sobremaneira aplicadas nas moedas mais transacionadas no país, com grande influência na balança de pagamentos, com destaque para o dólar americano e o rand sul-africano.

 "Do lado cambial serão estabelecidos limites de utilização de cartões de débito e de crédito no exterior, devendo os bancos comerciais serem instruídos para trabalhar com vista a ajustar as suas plataformas informáticas em função da nova modalidade", afirma Gove.

A medida que incide para os moçambicanos que fazem compras ou pagam serviços no estrangeiro, através dos seus cartões, sem qualquer restrição ou limite de gastos obrigando desta forma que o país esteja constantemente a drenar divisas para o exterior.

De acordo com o jornal "Noticias" este cenário acontece numa altura em que a balança de pagamentos de Moçambique estava a recuperar da situação deficitária crónica que se vinha registando nos últimos anos em função de uma conjuntura interna e internacionais favoráveis.

“É um momento excepcional em que precisamos de tomar algumas medidas para ajustarmos as nossas expectativas e o funcionamento dos mercados”, reitera o governador. 

Com os mesmos objectivos, o Banco Central compromete-se ainda a reforçar a supervisão bancária, assegurando que a lei cambial em vigor em Moçambique seja estritamente observada.

Mesmo perante este quadro desfavorável, Ernesto Gove disse não haver razões para o desespero, na medida em que os fundamentos macro-económicos não estão abalados, ou seja os principais motores da economia moçambicana continuam estáveis. 

Gove afasta a possibilidade de fixação de taxas de câmbio administrativas, que haviam sido propostas pelo sector privado como medida para minimizar o impacto das flutuações das taxas de câmbio na importação de bens e serviços, argumentando que tal medida não seria benéfica para a economia, pois “Podemos incorrer à uma situação em que acabamos tendo dinheiro mas sem produtos, e isso já aconteceu no passado. Uma medida do género provoca a híper-inflação". 

"O que necessitamos é resolver o problema actual global e sectorialmente, através de uma conjugação de esforços entre o Governo, o Banco Central e o sector privado, de forma a sermos mais competitivos na região e no mundo, aproveitando a nossa localização geográfica estratégica”, afirmou Gove. 

Estas medidas são tomadas numa altura em que o dólar americano oscila entre os 55 e 57 meticais, e o rand sul-africano custa cerca de 4 meticais com previsão de subida. Muitos economistas nacionais defendem que no primeiro trimestre do próximo ano a tendência será de agravamento da depreciação do metical, o que poderá fazer com que estas moedas apreciem ainda mais.

Jeremias Chemane (JC)

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