SITUAÇÃO CAMBIAL OBRIGA LIMITE DE TRANSAÇÕES NO EXTERIOR
Maputo, 01 de Dez (AIM) – O Banco de Moçambique (BM) anunciou esta segunda-feira,
em Maputo, que pretende estabelecer limites de utilização dos cartões de débito
e de crédito no exterior, como forma de conter a pressão cambial exercida sobre
o mercado cambial com a desvalorização da moeda nacional, o metical.
De acordo com o Governador do Banco Central, Ernesto Gove, estas
medidas de contenção cambial são sobremaneira aplicadas nas moedas mais
transacionadas no país, com grande influência na balança de pagamentos, com
destaque para o dólar americano e o rand sul-africano.
"Do lado cambial serão
estabelecidos limites de utilização de cartões de débito e de crédito no
exterior, devendo os bancos comerciais serem instruídos para trabalhar com
vista a ajustar as suas plataformas informáticas em função da nova modalidade",
afirma Gove.
A medida que incide para os moçambicanos que fazem compras ou pagam
serviços no estrangeiro, através dos seus cartões, sem qualquer restrição ou
limite de gastos obrigando desta forma que o país esteja constantemente a drenar
divisas para o exterior.
De acordo com o jornal "Noticias" este cenário acontece numa
altura em que a balança de pagamentos de Moçambique estava a recuperar da
situação deficitária crónica que se vinha registando nos últimos anos em função
de uma conjuntura interna e internacionais favoráveis.
“É um momento excepcional em que precisamos de tomar algumas medidas
para ajustarmos as nossas expectativas e o funcionamento dos mercados”, reitera
o governador.
Com os mesmos objectivos, o Banco Central compromete-se ainda a
reforçar a supervisão bancária, assegurando que a lei cambial em vigor em
Moçambique seja estritamente observada.
Mesmo perante este quadro desfavorável, Ernesto Gove disse não haver
razões para o desespero, na medida em que os fundamentos macro-económicos não
estão abalados, ou seja os principais motores da economia moçambicana continuam
estáveis.
Gove afasta a possibilidade de fixação de taxas de câmbio
administrativas, que haviam sido propostas pelo sector privado como medida para
minimizar o impacto das flutuações das taxas de câmbio na importação de bens e serviços,
argumentando que tal medida não seria benéfica para a economia, pois “Podemos
incorrer à uma situação em que acabamos tendo dinheiro mas sem produtos, e isso
já aconteceu no passado. Uma medida do género provoca a híper-inflação".
"O que necessitamos é resolver o problema actual global e
sectorialmente, através de uma conjugação de esforços entre o Governo, o Banco
Central e o sector privado, de forma a sermos mais competitivos na região e no
mundo, aproveitando a nossa localização geográfica estratégica”, afirmou Gove.
Estas
medidas são tomadas numa altura em que o dólar americano oscila entre os 55 e
57 meticais, e o rand sul-africano custa cerca de 4 meticais com previsão de
subida. Muitos economistas nacionais defendem que no primeiro trimestre do próximo
ano a tendência será de agravamento da depreciação do metical, o que poderá
fazer com que estas moedas apreciem ainda mais.
Jeremias
Chemane (JC)