quinta-feira, 18 de dezembro de 2014

INFUDAMENTOS DE UM AMOR NÃO GANHADO

Cronica

Por⁞ Jeremias Chemane
 Tomei banho, penteei o cabelo, até me perfumei,  aguardando ansiosamente a sua chegada, era um momento de introspecção, Marta se ia embora, viajava assim, de volta a sua terra natal, mil e uma vontades me ocorreram na mente como forma de imortalizar o momento do nosso ultimo adeus.
Eu era o melhor de todos os seus amigos moçambicanos, é o que ela vivia me dizendo, mas Martinha não sabia que mais do que isso eu tinha muitas ideias para com nós dois, gostava de nalgum dia acordar com ela ao meu lado a avisar-me que a criança está com a fralda suja, o nosso filho, seriamos uma família, era esse o meu sonho desde o dia que nos conhecemos. Mas nunca tive bolas suficientes para dize-la isso, provavelmente a minha covardia é a responsável por isso.
Fiquei de costas voltadas a casa, olhando fixamente a porta principal, estava a espera ansiosamente a chegada dela, só chegaria as nove, mas eu me prendia a porta desde as primeiras horas da manha antes do sol se pôr. De repente um inesperado vislumbro me ocorre, era ela com o seu formoso vestido vermelho, estava a chegar, cada passo dela correspondia a 100 batimentos cardíacos meus. Chegou Marta.
   - Ola, tudo bem, venho me despedir o meu voo é as 10 horas, podes me acompanhar ao aeroporto?
 - Claro, mas antes disso eu tenho uma coisa a dizer-te, devia ter dito isso logo nos primeiros dias em que chegaste a este bairro com os teus pais.
 - O que é? fala.
Naquele momento eu fiquei sem saber quais as melhores palavras para usar, não sabia se seria melhor ser demasiado romântico ou pautar pela via da simplicidade, já que ela não era um tanto quanto provida de bases acadêmicas  - melhor ser simples.
  - Olha, eu gosto de ti, mais do que a amizade que temos, eu queria muito que fosses alguma coisa a mais na minha vida, quando olho pra os teus olhos fico a pensar numa avalanche de neve tão branca mas também tão violenta, tal e qual o amor, banhado na ternura mas também banhado na vivicidade de uma paixão ardente, és a mulher que todo o homem poderei querer ter.
Antes mesmo de eu prosseguir com a prosa, ela soltou um jacto de gargalhadas por mais de 15 minutos, tempo de mais para quem ri.
- Do que é que te estás a rir?
 - hahahahahah... você é super engraçado, achas mesmo que eu ficaria com um tipo como tu, eu assim como sou, olha pra mim e agora faça o mesmo contigo, compara os níveis de vida,  e para falar a verdade eu não sou tão tua amiga assim,  se eu convivia contigo nas manhãs era mesmo pra disfarçar aos meus pais, lá em Angola eu era muito maluquinha então eles queriam que eu mudasse um pouco,  e andar contigo refletia a tão desejada mudança que os meus pais queriam operar em mim, sorry mais hahh sem chance.
Nunca tinha na vida ficado tão irado como naquele momento, eram tantas revelações que eu nem sabia o que dizer, a raiva me subiu a cabeça fiquei violento.
- sai daqui sua ɷɷ ɷɷ, não quero mais te ver, você me fazia de escudo quando ia curtir com os teus ‟molwenesˮ, e eu a pensar que eram sacrifícios por uma boa causa. Desaparece da minha vista antes que eu te enche de pontapés a rajadas como Tony Jaa ou como um Kamikazi após um combate em Bengazi, SUKA, rrrrrrrrrrr.
- Tchau Kandengue, você não passa de um Ndenga, eu quero homens de verdade, agora volto pra minha terra, onde sentem saudades minhas, fica ai, vê se procura um pau de cabinda.
Enquanto falava eu fechei-lhe a porta e mesmo assim ela não parava de rir, foi aí que eu pensei no meu intimo com tanta fé disse ‟tomara que o avião dela se exploda e assim eu nunca mais teria de ver uma mulher com tanto mau carácter como essazinhaˮ.
Naquele dia eu concluí comigo mesmo, - já não se fazem mulheres como antigamente, e nem homens como eu actualmente, eu sou o o que toda a mulher ia querer ter se estivéssemos na década 70.
Afinal o pior estava por vir.
Três dias depois da sua ida de volta a terra natal, fiquei a saber pelo noticiário que um avião havia despencado no território namibiano, um Embraer MH470 da LAM com o trajecto Maputo-Luanda. Lembrei que dias antes da sua partida me tivera dito que esse seria o avião responsável por leva-la a casa. Perdeu-se a família Segismundo Sequeira.
Caí de trás, acho que desaguentei, e por isso desacordei, desconsegui de levantar, tou de maca, lá se foi o sonho.              

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